quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Pelas barbas do profeta!

Silvio Luiz, um dos locutores esportivos mais irreverentes da TV, concedeu a mim e ao Professor Edwaldo Costa uma entrevista exclusiva durante o Prêmio Comunique-se¹. Confira comigo no replay!

(J.R. Duran)
Silvio, uma marca registrada de suas narrações é a grande quantidade de bordões. De onde eles vêm? Por que fazem tanto sucesso? Você se inspira em alguém para dar um toque de humor nas narrações?
- Eles simplesmente aparecem na minha mente, eu uso e o povo gosta. É do momento, do meu estado de espírito e do cotidiano. O “olho no lance” é o meu preferido. Mas tenho outros famosos, como “pelas barbas do profeta”, “foi ali, na orelhinha da girafa”, “lançou lá na boquinha da garrafa”, “balançou o capim no fundo do gol”, entre outros.

Por que você nunca grita gol?
- Eu não vejo a necessidade de gritar gol. Todo mundo está vendo que a bola entrou. Prefiro fazer algo mais irreverente.

Você foi o primeiro repórter de campo da TV brasileira, acumulando muita experiência no jornalismo esportivo. Que dicas você daria para um estudante de jornalismo que deseja um dia ser repórter de campo, por exemplo?
- Ele deve praticar muito e, principalmente, aprender inglês. É um mercado bem concorrido, existem várias jornalistas recém-formadas fazendo um bom trabalho nesta área. Só que elas não devem entrar no vestiário quando os caras estão tomando banho...

É muito difícil decorar os nomes de todos os jogadores dentro de campo, em todos os jogos?
- Não. A produção já te passa tudo pronto. Mandam tudo escrito e tudo em ordem. 

Você procura ter cuidados especiais com a voz, por ser um instrumento de trabalho imprescindível?
- Nenhum. Tomo gelado e tomo sorvete.  Faço o diabo com ela.

Você é o narrador oficial do aclamado jogo Pro Evolution Soccer da Konami, desde 2011, ao lado do grande Mauro Beting. Fale sobre a nova experiência de narrar para um game, depois de tantos anos fazendo transmissões ao vivo.
- É uma honra e um desejo muito grande de continuar narrando este jogo. Gosto de novas experiências. É diferente narrar uma partida de PES de um jogo de verdade. No game você não tem ideia do que o cara vai fazer. Ele faz a jogada que quiser, até passar a bola para a lateral ele passa. Agora sou ainda mais reconhecido pela criançada, e a mulherada vem reclamar que não aguenta mais ouvir a minha voz na casa delas. Algumas dizem que o marido e o filho jogam a semana toda.



Ser narrador é o que você sempre quis? Há algum tipo de partida ou competição que você gostaria de ter narrado, mas nunca teve a oportunidade?
- Minha mãe foi locutora de rádio e TV. Eu sempre a acompanhava e, por vontade própria, comecei lá pelos 15 anos, na Rádio São Paulo. Já narrei tudo o que você possa imaginar, até corrida de trote. Quero aproveitar e indicar aos estudantes, profissionais e a todos que querem saber mais sobre o Silvio Luiz que comprem o meu livro “Olho no Lance”, escrito por Wagner Willian, da Editora Best Seller. O livro foi lançado em 2002, quando completei 50 anos de profissão.

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¹ Esta entrevista foi realizada durante a cerimônia do 11º Prêmio Comunique-se, realizado em São Paulo, e publicada na edição de novembro da Revista Atual.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O gol que não se viu

Se você não teve a oportunidade de ver ao vivo o golaço que abriu a goleada do Cruzeiro ontem, não tem problema: nem o autor do gol pôde ver na hora.

Inclusive a equipe da transmissão da Rede Globo precisou do replay em câmera lenta para identificar o movimento do menino Humberlito, um pouco também por não acreditarem que aquele golpe fosse possível.

Após a bicicleta-voleio-mortal, Borges caiu meio tonto no gramado. O parça Dagoberto até chegou a chamar ajuda médica, enquanto a catarse azul ecoava no Mineirão estrelado. Mas logo ficou tudo bem com o centroavante acrobata, que foi comemorar seu gol com a torcida tricampeã.

Baita de um gol, digasse de passage.


domingo, 10 de novembro de 2013

2013: Minas Futebol Clube

Depois de (mais) um longo inverno, estamos de volta!

Com a volta olímpica antecipada do Cruzeiro no Mineirão, a temporada 2013 do futebol brasileiro já está chegando ao fim. E às vésperas do ano da Copa, já dá para fazer um resumão do que pudemos ver durante as férias prolongadas do blog.


Dois mil e Galo!

Sobraram adjetivos para classificar a campanha do Clube Atlético Mineiro na Libertadores. Espetacular, emocionante, sofrida, linda, campeã. Cuca livrou-se do estigma de azarado em um time que também precisava de uma grande conquista para lavar a alma. Alexi Stival estava no lugar certo, nas horas certas, fazendo as coisas certas. Deu certo.
Força na peruca, Cuca
(G1)
O time todo mostrou uma garra monstruosa e um espírito copeiro digno dos maiores campeões continentais. Ronaldinho Gaúcho foi tão brilhante quanto os flamenguistas esperavam que ele fosse no Rio. Victor operou milagres que tiraram o fôlego não só da Massa, mas de todo brasileiro que ama futebol e que também virou atleticano por tabela (rivalidade secadora à parte). Bernard infernizou meio mundo, do México à Argentina. Jô, Tardelli, Réver e até o Guilherme: todos, do goleiro ao ponta-esquerda, do Kalil ao massagista, todos eles têm parte de um pedacinho da taça mais cobiçada das Américas.

E foram felizes. E fizeram felizes os atleticanos, no Horto e em todo o Brasil. Fizeram mais feliz o futebol brasileiro. Uma Vitória com V maiúsculo, com roteiro de cinema, porque dá para jogar com garra e jogar bonito ao mesmo tempo. Deu para bater no peito forte e vingador, urrando o que esteve entalado por 105 anos. Campeão na fé, na raça e na bola.

Parabéns aos envolvidos.
Caiu no Horto?

Quem é que manda aqui

O Brasil é dos brasileiros. A Espanha, campeã mundial, bicampeã europeia e sensação do momento, sucumbiu no Maracanã. Mais do que isso: passou vergonha.

Três a zero, fora o baile. Fora o hino mais lindo cantado a plenos pulmões. Fora aquela bola tirada pelo David Luiz sobre a linha do gol, que eu tenho certeza que sua retina também fez questão de gravar. Fora o gol deitado de Don Fredón. Fora o golaço de Neymar, o novo 10 da Seleção. Fora o olé, gritado por um Maracanã inteiro, contra um time que não perdia havia 29 partidas. Noves fora, o show foi tão bom que deveria ter de novo. Que tal ano que vem?
Fredão vai te pegar ano que vem
(Reuters)

Passeio celeste

Falei de Minas, falei de Fred, mas ainda não falei de Cruzeiro? Pois se o primeiro semestre foi do Atlético, a Raposa tratou de colocar o resto do ano no bolso.

Bateu um remember de 2003 pelos lados da Toca e o time comandado por Marcelo Oliveira varreu o Camarotão 2013. Deitou, rolou e pulverizou cada um dos outros 19 times, sem exceção. A supremacia azul foi tanta que a China Azul comemorou o título antes mesmo da permissão dos matemáticos, ainda na 33ª rodada, após Humberlito & Cia. doutrinarem o retranqueiro Grêmio de Renato Portaluppi, o sogrão da galera.
Humberlito da Zuera pedalou bonito no Mineirão
(Marcos Ribolli/Globoesporte.com)
Faltando cinco jogos para a geral entrar de férias, o Cruzeiro manteve os 13 pontos de vantagem para o vice-líder Atlético Paranauê. A força azul de Minas venceu mais que todo mundo (22 vitórias), perdeu menos (6 derrotas), estufou mais as redes alheias (69 gols pró) e buscou menos bolas no fundo do gol (29 gols sofridos), o que resulta em um saldo de gols que beira o absurdo (+40).

A essa altura, parece muito óbvia a cena dos caras levantando a taça no fim do ano. Mas duvido muito que alguém apostava uma moeda nesse time que estava sendo montado do zero em janeiro. Dotor Gilvan tinha acabado de perder Montillo para o Santos e contratava um caminhão de refugos, com exceções feitas a Borges e Dedé. Méritos do treinador, que fez esse time se encaixar. Perdeu o Estadual vencendo um dos dois jogos e saiu da Copa do Brasil graças à aberração do gol fora, mas sobrou nos pontos corridos.

Mesmo assim, não dá para eleger apenas um herói da conquista. Muitos escolherão Éverton Ribeiro como melhor jogador do campeonato, mas a verdade é que o conjunto do Cruzeiro é o craque do time. Praticamente todo mundo se valorizou pra caramba neste ano no mercado. Enquanto os outros times do pelotão de cima disputam pra ver quem perde mais pontos, o líder se permite festejar por antecipação. Por merecimento. Por ser tricampeão!
Fecha a conta e passa a régua
(AE)

Ainda tem mais?

Enquanto os paulistas derraparam feio na Libertas, no Brasileiro e até na Copa do Brasil, o futebol mineiro continua muito bem, obrigado. Enquanto o Cruzeiro se consolida como o melhor time do Brasil disparado, o Galão da Massa faz treinos de luxo no Dilmão 2013, às vésperas da viagem para o Mundial de Clubes da FIFA, no Marrocos. Yes, you CAM!

O blog A 10 e a Faixa voltará a acompanhar de perto as novidades do futebol brasileiro e mundial. Volte sempre, caro leitor, porque nós já voltamos, e agora é pra ficar!