domingo, 21 de outubro de 2012

Série Campeões: PALMEIRAS, NOSSA VIDA É VOCÊ! *


Quiseram diminuir o Palmeiras. Fora e dentro do clube. Quiseram demitir Felipão. Fora, dentro, e nas redações. Quiseram minar o grupo com bombas de efeito retardado. Quiseram. Mas não conseguiram. Querer não é poder quando se tem a força de um Palmeiras.

O Palestra é enorme. Maior que os próprios erros. Muito maior que as limitações de banco e de campo. Infinitamente superior aos que acham que o futebol é uma ciência exata. Ou, em alguns casos, uma paixão clubista imprecisa. Gente que acha que o Palmeiras se apequena tem miopia histórica. Gigantes tropeçam. Caem para aprender a se levantar. O clube e o time e a diretoria e a comissão técnica erraram demais nos últimos tristes tempos. Mas nem eles conseguem diminuir paixão tão forte como a que o levou além das limitações.

No Alto da Glória o time quebrou um jejum de 12 anos sem títulos nacionais
(Fernando Borges/Terra)
O Palmeiras foi grande na Copa do Brasil 2012. Foi Palmeiras. Superou na decisão um Coritiba que pintava como favorito, e até foi melhor na primeira partida, em Barueri – mas perdeu por 2 a 0, na única chance palmeirense na primeira etapa, e, no segundo tempo, na bola parada dinâmica de Marcos Assunção. O Coxa não conseguiu reverter a desvantagem na finalíssima e foi um bravo bivice-campeão da Copa. Perdendo a decisão para um ainda mais bravo bicampeão: o Palmeiras de Felipão. Campeão em 1998 com uma Via Láctea armada pela Parmalat, que daria o passaporte para a Libertadores enfim conquistada em 1999; bicampeão invicto do torneio com um Palmeiras de vacas magras e elenco enxuto. Mas vencedor. Como o clube.

Marcos Assunção, bastante emocionado na comemoração:
um dos maiores responsáveis pela conquista

(Marcos Ribolli/Globoesporte.com)
Palmeiras que reconstrói o Palestra e, por ainda estar sem casa, é um time errante e que erra demais. Muitas vezes tem se perdido. Mas se encontra no palmeirense que o acolhe. Ajudando a reencontrar o caminho que ninguém conheceu melhor no século passado. Verdão que estreou em 2012 vencendo duas vezes o Coruripe, mandando o segundo jogo em Jundiaí, em mais um lar de aluguel, onde o time se sentiu em casa pelo palmeirense que não escolhe lugar. Na fase seguinte, com dois gols de Leandro Amaro, eliminou o Horizonte, no Ceará, por 3 a 1, cancelando a volta. Nas oitavas, ganhou bem do Paraná por 2 a 1, em Curitiba, e goleou por 4 a 0, em Barueri. Nas quartas-de-final foi prejudicado pela arbitragem contra o Atlético, no Paraná, no empate por dois gols. Em Barueri, convincente vitória por 2 a 0 sacramentou classificação para as semifinais.

Vaga carimbada para a final
(Wagner Carmo/Gazeta Press)
O Grêmio parecia favorito contra um Palmeiras que começara mal o BR-12 depois de um pífio final de Paulistão. Mas dois gols nos últimos minutos de Mazinho e Barcos em Porto Alegre deixaram o Verdão em ótima condição para decidir em Barueri. Numa partida em que muitos não conseguiram chegar ao estádio, de tanta gente que não tinha mesmo cabimento no pequeno estádio para tamanha paixão, o Palmeiras superou a violência do rival para empatar por 1 a 1 e voltar a uma decisão nacional.

Superando as desconfianças internas e externas como grande que é. Passando do céu ao inferno como Valdivia, que fazia tudo até se perder por nada. Enorme como foi Bruno, da Academia de goleiros palmeirenses. Eficiente como a dupla de zaga protegida por Henrique, testa quente como o coração no Alto da Glória. Letal como a bola parada de mais um Marcos que garantiu a Assunção verde. Decisivo como mais um Mazinho campeão palmeirense. Histórico como um Betinho que só acertou uma bola. A do título. Invicto.


Palmeiras que sofreu com joelho operado de Wesley, com apendicite de Barcos, com tornozelo torcido de Maikon Leite, com Luan se arrastando nos 20 finais, com Henrique superando tudo. Vários nomes muito comuns e ainda mais próprios reescreveram com sangue, dor e amor a história do Palmeiras duas vezes campeão da Copa do Brasil, oito vezes campeão brasileiro, primeiro campeão da Copa dos Campeões.

Não foi por acaso. Sim por ser Palmeiras.




* por Mauro Beting, em 12/07/2012 para o Diário Lance!.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Telejornalismo e a Imparcialidade

Osmar de Oliveira, médico e jornalista de extenso currículo, passou por Frutal na última sexta-feira (21), para ministrar palestra em evento beneficente no anfiteatro da UEMG.
Aproveitando-me da ocasião, gravei uma agradável entrevista com Dr. Osmar sobre um dos temas de meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), mostrado no título do post.
Confira o resultado no player abaixo.



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Elefante desbotado

O Estádio Municipal Pedro Marreta, mais conhecido como "Marretão", fica localizado no bairro Alto Boa Vista, em Frutal, ao lado do Parque de Exposições "Os Idealistas".

Lembrança do último público presente  (Alex Augusto)


Escolinhas de futebol utilizam-se frequentemente do campo, mas apesar de contar com cabines de imprensa, camarotes VIP, sistema de irrigação e vasta área arborizada em seus entornos, o elefante (que já foi) branco não recebe público para partidas de futebol há mais de 10 anos.




sábado, 15 de setembro de 2012

Série Campeões: VAI, CORINTHIANS! *


Vai, Corinthians! Vai para as ruas, vai para o abraço do torcedor que te ama, vai para o pódio, vai levantar a taça que você tanto sonhou... Vai atravessar o mundo. Vai para o Japão!

Os Libertados da América (Ivan Pacheco)

Cássio, Alessandro, Chicão, Leandro Castán, Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Alex, Danilo, Jorge Henrique, Emerson, Julio Cesar, Danilo Fernandes, Welder, Marquinhos, Wallace, Ramón, Willian Arão, Ramírez, Douglas, Romarinho, Gilsinho, Willian, Elton, Liedson e Tite. Nomes que não vão constar em livros de História, mas estarão eternamente dentro dos corações e da memória de milhões de pessoas, que ensinarão aos filhos e netos quem foram eles, e o que foi o 4 de julho de 2012 para a nação corintiana. O dia da libertação. O dia da Libertadores.

A vitória por 2 a 0, na noite desta quarta-feira, no Pacaembu, sobre o gigantesco Boca Juniors, de tradições e glórias mil, de seis títulos sul-americanos, torna ainda mais gigantesca a conquista inédita. E mais: de forma invicta, algo que só um time brasileiro havia conseguido - o Santos de Pelé, em 1963. A taça da Libertadores, enfim, tem uma plaquinha do Corinthians.

O triunfo final sobre os argentinos selou a campanha com identidade. De um time sem estrela, que não se assustou com placares adversos, rivais tradicionais ou craques do outro lado. Que não se pressionou por nada e encontrou o equilíbrio (palavra idolatrada por Tite) entre lutar a cada centímetro de grama pela Libertadores sem tratá-la como um campeonato do outro mundo.

De 6 a 16 de dezembro, o Corinthians tentará o bicampeonato mundial. Dessa vez, sem convite, sem a chance de enfrentar um brasileiro na final e tendo que ir ao Japão. Bem diferente de 2000, quando bateu o Vasco na decisão, no Maracanã. Um mundial para ninguém botar defeito. Monterrey (MEX), Auckland City, da Nova Zelândia, e o poderoso Chelsea (ING) já estão classificados para a competição no fim do ano.

O desconhecido grandalhão se fez gigante: milhões de gritos fizeram ecoar o nome do goleiro Cássio (Sérgio Barzaghi/Gazetapress
Duelo de titãs nas semifinais: o então campeão Santos ficou pelo caminho (Divulgação)

O conjunto foi o maior destaque desse time de operários.
Jogadores do povo, com estrelas de campeão
 (Marcelo Pereira/Terra)

Mais luta do que futebol

O Corinthians entrou em campo invicto na Libertadores. O Boca Juniors foi ao Pacaembu sem ter perdido nenhum jogo fora de casa. Jogaço? Lutaço! Os primeiros minutos fizeram inveja a Anderson Silva e Chael Sonnen. Soco de Chicão em Mouche, empurrão de troco, tapa de Erviti em Paulinho... Mais tarde, ainda haveria exibição de "El Tanque" Santiago Silva, com cotovelada em Castán e tentativa de imobilização em Ralf.

Futebol mesmo apareceu pelos pés de Sheik. Com velocidade, ousadia e toques rápidos, o camisa 11 era quem menos tinha medo da decisão. Ousadia que provocou o maior drama do primeiro tempo: um choque entre Somoza e o goleiro Orion.

O camisa 1 do Boca caiu por três vezes no chão e não suportou a dor. Saiu aos prantos, consolado pelo técnico, o ex-goleiro Julio César Falcioni. E por ironia do destino, o reserva Sosa, pouco mais de um ano depois, voltou ao Pacaembu. Era ele o goleiro do Peñarol (URU), que perdeu a final da Libertadores de 2011 para o Santos.

Alex não confiou nem em Orion nem em Sosa. Tentou quatro finalizações de fora da área, sem sucesso. Do outro lado, Riquelme, que antes do jogo tomava água e gargalhava, foi só rascunho do grande jogador que entrou para a história. Era constrangedor seu esforço, em vão, para correr e achar os companheiros, limitados tecnicamente. Fim de primeiro tempo com a certeza de que o segundo não poderia ser pior.

Ele resolve. E ponto. (AFP)

Sheik para a história

O empate levaria o jogo para a prorrogação, e Riquelme, que mal conseguia jogar 90 minutos, parecia querer disputar 120. Rolou no chão, demorou para cobrar escanteio, mexeu com o equipamento dos fotógrafos e fez falta digna de jogador juvenil. Na cobrança, a bola esperou por um toque consciente, que veio do calcanhar de Danilo. Sheik, no lugar certo, na hora certa, fuzilou Sosa e deixou o Pacaembu em êxtase.

A vantagem expôs ainda mais a limitação do Boca. Riquelme, em atuação de dar pena, não criou nada. O único recurso, mesmo depois que Falcioni colocou o atacante Cvitanich no lugar do meia Ledesma, eram os cruzamentos. Os argentinos abriram o meio e se cansaram, cenário dos sonhos para o Corinthians garantir o título invicto (oito vitórias e seis empates).

Mouche, sozinho, teve a única boa chance dos visitantes durante o jogo. Cabeceou nas mãos de Cássio. Uma caridade do atacante para que o goleiro, brilhante no mata-mata, pudesse aparecer na decisão. Riquelme, de 34 anos, não era o único "velhinho" cambaleante em campo. Schiavi, aos 39, errou passe fácil no campo de defesa. Deu nos pés de quem não poderia dar. Daquele que nasceu para ser vencedor. Tricampeão brasileiro nos últimos três anos, Emerson arrancou para a glória definitiva. Deixou Caruzzo para trás como se o rival nem existisse e tocou com categoria. Não parou de correr nem na comemoração, quando foi perseguido pelo preparador físico Fábio Mahseredjian, outro craque desse título.

Daí para frente foi só festa. O Boca não tinha mais o que fazer, e os "antis" já nem secavam mais. A torcida orgulhosa por ter sido fiel e Fiel na Libertadores, viajou por alguns segundos. Lembrou-se do vacilo de Guinei, da cobrança de pênalti de Marcelinho Carioca, do "pega, pega" do Morumbi, do gol de Vágner Love e de ter descoberto quem era o Tolima. Exemplos que invertem a letra do hino. Teu passado é uma lição. Teu presente, uma bandeira.

Enquanto os adversários terão de pensar em novas brincadeiras a partir de agora, a torcida grita "É campeão!". Duas palavras que valem mais do que todas escritas acima.


* por Alexandre Lozetti, em 05/07/2012 para o Globo.com

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Goleadas sem sentido. Mas que dizem muito.


Somos todos filhos do Brasil. Alguns se orgulham, outros não.

Vemos futebol por todos os lados. Muitos gostam, outros não.

Entre os que gostam, todos consomem futebol. Uns são fanáticos, outros não.

Seja entre os fanáticos, os apenas que gostam, os que simplesmente conhecem ou até mesmo entre os que desconhecem futebol, todo mundo é chegado em criticar treinador. Não só o do time de coração, mas principalmente o da Seleção da CBF.

O torcedor brasileiro já nasce com predisposição pra chamar de burro o primeiro que for à linha lateral dar instruções ao time. Sejam as instruções válidas ou não.

Os erros e acertos do recrutador de cada Copa repercutem mais do que os de um Presidente da República. Uma escalação mal feita é mais revoltante que um aumento da taxa de juros, por exemplo.

Mano Menezes parece ter estudado com monges tibetanos, tamanho o equilíbrio que demonstra nas entrevistas ao tratar de temas mais embaraçosos. Equilíbrio que às vezes dá sono no telespectador. A impressão é de apatia.

Mas ao contrário do que poderia acontecer em um clube ou outro, não é a torcida brasileira que vai derrubar o Mano do cargo. Só um vexame histórico poderia tirá-lo do comando da comissão técnica antes de 2014. Goleada(s) para a Argentina, talvez.

Lembremos que nem mesmo a ridícula eliminação da Copa América, aquela dos pênaltis batidos com o nariz, foi capaz de promover alguma mudança.

De amistoso em amistoso, o que resta ao povo – que se acha dono da Seleção apenas para ter algo a se orgulhar – é testar a própria paciência, acompanhando jogos medíocres contra equipes medianas e goleadas enganadoras como a de ontem, sobre a China.

Mas haja paciência, Mano

Correndo da Colina

Nesse meio tempo, em São Januário, Ricardo Gomes deixou um time campeão nas mãos de seu assistente, mas o Cristóvão da Cruz de Malta não conseguiu descobrir a América. Pior que isso, viu o time perder peças importantes. Sob a desconfiança de muitos, Cristóvão Borges manteve o Vasco da Gama por número recorde de rodadas no G-4 do Brasileirão, e o time continua exatamente na mesma posição de quando ele o assumiu.

Mas não: para a torcida, ele era burro; para alguns jogadores, ele não servia.

Eis que na 23ª rodada, os jogadores caem de quatro para o Bahia, em casa. Com todo o respeito ao tricolor da boa terra, mas 4x0? Difícil não pensar em boicote.

Aí, meu amigo, o negócio foi pedir o boné e pegar ouro trem-bala. Sem condições.

Cristóvão e Dinamite entraram naquele famoso acordo:
o clube entrou com o pé e o treinador entrou com o traseiro. Sacanagem.
(Djalma Vassão/Gazetapress)
Pelo o que dá para enxergar daqui de longe, Cristóvão não merecia esse tratamento. Pena que na Seleção da CBF não dá para acontecer coisa parecida.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Frutal está pronta para o XIV Juemg *


Começa amanhã a edição 2012 do Juemg (Jogos Universitários da UEMG), sediado em Ibirité, região metropolitana de Belo Horizonte. O Juemg 2012 será realizado durante os dias 06, 07 e 08 de setembro.

Os preparativos da delegação frutalense começaram desde os Jogos Intercursos, realizados no Alvorada Praia Clube, quando houve uma pré-seleção dos atletas. Foram realizadas peneiras – uma por modalidade. Elas aconteceram durante todo o mês de agosto e os atletas foram analisados pelo professor de educação física Afranio Vieira Junior, juntamente com sua equipe. Posteriormente os atletas selecionados foram divulgados através do Facebook.

O grupo que representará o campus de Frutal no Juemg 2012 é composto por 42 atletas, acompanhados por seis integrantes da comissão técnica, entre eles a chefe da delegação, Mirts Helena Chagas. Entre as modalidades de quadra, os atletas de Frutal competirão no futsal, basquetebol, handebol e voleibol, tanto feminino quanto masculino. Haverá também a participação masculina na minimaratona.

A saída para Belo Horizonte será na quarta-feira (05) a partir das 17h, em frente ao Alvorada. Cada atleta deve levar um colchonete, além das roupas de cama e banho. No dia 06, de manhã, haverá uma reunião técnica antes do início dos jogos.
Representantes de Frutal no Juemg 2010, em João Monlevade(Divulgação/Facebook/Lunaweb)


Diversão x Comprometimento

O Juemg é uma grande oportunidade de interação entre os campi, até por isso muita gente aproveita a ocasião para fazer festa. Não que isso seja proibido (pelo contrário, a confraternização deve mesmo existir), mas às vezes alguns atletas passam da medida, extrapolam e enfraquecem o rendimento dos jogos. Como lidar com isso?

“Infelizmente alguns alunos exageram na diversão e se esquecem do objetivo principal do evento, que é a integração através do esporte”, diz Karina Lima, do 8º período de Direito. “A diversão é importante, principalmente por se tratar de uma oportunidade diferente de conhecer novas pessoas e lugares. Mas é preciso que haja comprometimento e seriedade, pois os excessos cometidos por alguns atletas podem comprometer o rendimento de toda a equipe.”

“Sabemos que isso tudo tem seu lado festivo, de uma maneira saudável. Estamos trabalhando com eles essa parte, já que existe também a questão da participação dos jogos, que é ainda mais importante”, lembra Mirts. “Pedimos para que haja um consenso do grupo de atletas, para que eles percebam isso e vão com o intuito de jogar, representar o campus e tentar trazer medalhas para Frutal. Depois disso, que todos nós façamos a festa.”

Segundo Mirts, a intenção inicial era a de levar mais alunos, para participação em mais modalidades. “Foi oferecido apenas um ônibus, o que infelizmente limitou o tamanho da nossa delegação. Muitos atletas que ficaram também gostariam de estar participando. Infelizmente não poderão em 2012, mas outros anos virão, com novas oportunidades para todo mundo.”

Karina, inscrita em voleibol e handebol, está animada e pede o apoio dos amigos e colegas. “Todos se empenharam nos inúmeros treinos realizados e acredito que este ano voltaremos com muitas medalhas. A delegação está preparada. Contamos com o apoio da torcida, mesmo que de longe.”


* Trabalho e tema propostos pelo professor Eduardo Uliana, para a discilpina "Comunicação Digital e os Novos Veículos e Formatos de Armazenamento e Veiculação da Informação"

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Série Campeões: EL PAÍS DEL FÚTBOL



Quem ainda duvida? Quem ainda questiona?

Os espanhois entraram de vez no rol dos grandes campeões da história (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Certo, somos ainda a única seleção pentacampeã do mundo, mas a amarelinha não é mais tão temida como já fora antes. Na verdade, o diminutivo embutido no apelido da nossa farda nunca se encaixou tão perfeitamente. Tão lamentavelmente. Tão... Deprimente.

Antes que o leitor perceba e acredite que estou desviando o assunto do post, justifico a choradeira pós-Londres tentando comparar o visível declínio tupiniquim ao longo dos últimos anos com a consolidação da supremacia de la roja.

Fácil compreender a rasgação de seda. Há dois anos os espanhóis conquistaram a tão sonhada Copa do Mundo. A taça buscada na África lavou a furiosa alma espanhola, a antiga amarelona do mundo do futebol.

Título que só confirmou o que já tínhamos visto na UEFA Euro 2008: o melhor time do mundo é o espanhol.

'Creating history together' (AFP/Getty Images)
Pois então a Euro migrou um pouco mais para o leste, indo parar na Polônia e na Ucrânia. A festa produzida pelas torcidas, sobretudo pelos anfitriões, foi algo inenarrável. Já era esperado um torneio com organização impecável e beleza encantadora, mas as expectativas foram superadas. A UEFA Euro é única: o charme de uma Champions League somado ao nível técnico de uma Copa do Mundo só poderia dar nisso.

Que felicidade é essa, tio?
Imagina se a Irlanda
ganhasse alguma coisa
 (Sportsfile)
A Espanha se classificou de forma tranquila. Na verdade, só uma zebra bem safada poderia tirar sua vaga no Grupo C. Mas a listrada não passeou pela Polônia, para a infelicidade dos fanáticos croatas e dos impressionantes irlandeses. Até mesmo a Itália, sob uma desconfiança do tamanho da tradição da maglia azurra, passou sem sustos em segundo. No duelo entre as duas potências, empate de 1x1 com gols de Di Natale e Cesc Fàbregas.

Alonso contra a França: duas vezes à rede (Getty Images)
Nas quartas-de-final, já em solo ucraniano, a Fúria tinha pelo caminho uma seleção francesa que parecia ter finalmente se acertado, a ponto de fazer frente aos pupilos de Del Bosque. Xabi Alonso, em seu centésimo jogo pela seleção, fez os dois gols da boa vitória espanhola. Dois a zero na França, que voltou para casa com o rabo entre as pernas e muita roupa suja para lavar. Só para sair da rotina.

A semifinal disputada em Donetsk foi emocionante. Portugal foi a seleção que mais pôs à prova a competência de Iniesta e seus colegas. Após um jogo nervoso, com as defesas se portando muito bem, o zero a zero se arrastou até a prorrogação, que teve como destaque o goleiro Rui Patrício, parando Pedro Rodríguez e Jesús Navas.
Não que o jogo tenha sido tão feio assim, mas... (Juan Medina/Reuters)

Nos pênaltis, uma defesa de Rui, outra de Casillas. Com a cobrança de Bruno Alves explodindo no travessão, Fàbregas só teve o trabalho de confirmar a vaga da Espanha à segunda final consecutiva. Cristiano fez o beicinho da revolta, como você pode observar em http://rock.to/ce7.

Antes da final, a Itália parecia ser páreo duro. Surpreendentemente, la squadra del calcio fez uma Euro consistente no ataque e na defesa, com Buffon jogando no seu alto nível habitual, Andrea Pirlo inspirado e Balotelli sendo, enfim, decisivo. Na primeira fase, já tinha empatado com os atuais campeões. Só que...

Como eu dizia, as circunstâncias do-- "Goool, da Espanha!" (Christof Stache/AFP/Getty Images)
Depois que a última contagem regressiva terminou e a bola rolou em Kiev, não restou pedra sobre pedra. A versatilidade dos volantes italianos sucumbiu à marcação pressão de Del Bosque. Pirlo desapareceu. Montolivo foi substituído por Thiago Motta, mas o ítalo-brasileiro teve o azar de se contundir minutos depois, e deixar o técnico Prandelli na mão, com apenas nove na linha. Àquela altura, a Espanha já construíra um seguro 2x0.

O baixinho David Silva, um dos melhores meias do futebol inglês, havia aberto o placar de cabeça. Jordi Alba, jovem lateral-esquerdo contratado pelo Barça, ampliou a vantagem tocando na saída de Buffon, pouco antes do intervalo.

Fernando Torres, o homem-gol do título de 2008, já havia dado sua chamada "volta por cima" durante a última Champions League, mas fez questão de anotar o dele também. Ainda deu tempo de entregar de lambuja o quarto gol para Juan Mata, companheiro de Chelsea, recém-promovido à partida. E o Mata, reserva de luxo, realmente "matou" de vez toda e qualquer dúvida que (ainda) pudesse haver a respeito da capacidade dessa equipe. Quatro a zero na Itália em final de Eurocopa, meu amigo. Quatro.
Não é possível que as-- "Goool, da Espanha!!" (Jeff Pachoud/AFP/Getty Images)
Nem preciso dizer que-- "Goool! É da Espaanha!!" (Getty Images)

As características da base sólida, muito bem entrosada e eficiente, todo o mundo já conhece. O toque de bola – ora cadenciado, ora com triangulações rápidas – tem envolvido praticamente todas as seleções enfrentadas, expressivas ou não. A hegemonia da seleção da Espanha no cenário do futebol já dura cerca de cinco anos, sendo confundida muitas vezes com a que o Barcelona impôs entre os clubes, recentemente (a maior parte dos titulares joga junto no time catalão). Somado às estrelas do Real Madrid, como Sergio Ramos, Xabi Alonso e o capitão Casillas, a equipe já figura entre as melhores seleções de futebol de todos os tempos.
A galera estava animada em Madri (Getty Images)
Que futebol vistoso, o das crias espanholas; benzadeus

Não é difícil ver jovens brasileiros torcendo pelos ídolos espanhóis, até mais do que pela seleção da CBF. Esse é o quadro atual, devido mais ao mérito daqueles atletas espetaculares do que do fracasso dos nossos popstars de verde e amarelo. Estes se mostram ainda verdes. Estes se mostram cada vez mais amarelos.


domingo, 29 de julho de 2012

Série Campeões: QUEM É O FAVORITO AQUI?


Sobe a ópera!

Nova abertura oficial em avant-première

A temporada 2011/2012 da UEFA Champions League – competição tão fantástica que nos faz arrepiar ouvindo música clássica – foi mais emocionante do que qualquer um poderia prever. Reviravoltas, prorrogações, decisões por pênaltis. Nas transmissões de alta definição vimos defesas monstruosas, lances cinematográficos e golaços para todos os gostos.

Falando em previsão, quem quis dar uma de vidente e apostou no imaginado ‘duelo do século’ entre Barcelona e Real Madrid caiu do cavalo. Nas semifinais, ambos sucumbiram à garra de Chelsea e Bayern de Munique, respectivamente.

O Bayern tinha então a chance de ser pentacampeão da Europa dentro de casa, já que a Allianz Arena havia sido nomeada como a sede da final. Mas o time de Didier Drogba calou os alemães e venceu pela primeira vez o torneio mais importante do planeta.

O título era absolutamente improvável, mas o Chelsea provou que podia e foi campeão absoluto

[Pfaffenbach-Reuters]

Campanha

Valencia e Bayer Leverkusen, apesar da tradição ainda ostentada, foram coadjuvantes e só conseguiram arrancar pontos do Chelsea dentro dos próprios domínios, na fase de grupos. Mesmo assim, o técnico português André Villas-Boas sempre foi contestado por mídia e torcida, desde que chegou ao Stamford Bridge como o técnico mais caro da história (investimento de € 15 milhões). O suposto mau relacionamento dele com os ‘medalhões’ do time prejudicava o ambiente, e as vitórias não eram convincentes.

O bicho pegou mesmo foi no mata-mata. Nas oitavas, os Blues tiveram que encarar o melhor time do Nápoli desde Careca e Maradona. A torcida napolitana, uma das mais fanáticas da Europa, fez do tradicional San Paolo um caldeirão. Contagiado por essa energia, o time italiano abriu 3 a 1 no jogo de ida. A derrota custou o cargo de Villas-Boas, que foi substituído pelo assistente Roberto Di Matteo.
O Nápoli, do uruguaio Cavani, soube aproveitar o fator casa
 [Getty Images]
Substituição em Nápoles: sai Villas-Boas, entra Di Matteo
 [Getty Images]
A troca do treinador foi o momento chave na competição. Di Matteo, ídolo da torcida do Chelsea pela sua passagem no fim dos anos 90, mostrou identificação maior com os atletas e ajudou os londrinos a passarem pela pedreira que foi o Nápoli: o placar foi devolvido em casa e o golpe de misericórdia dado na prorrogação, fechando em 4 a 1 com Ivanovic.

Nas quartas de final, o Estádio da Luz foi o primeiro a se calar: duas vitórias azuis sobre o Benfica. A sequência de partidas foi mostrando um Chelsea mais seguro lá atrás e letal nos contra-ataques puxados por Drogba e Ramires. O italiano pegou um time antes desacreditado e colocou-o na final da Copa da Inglaterra jogando redondinho. David Luiz se firmou como grande zagueiro garantindo a titularidade; Raul Meirelles passou de coadjuvante a peça-chave no grupo; Juan Mata, um dos líderes de assistências na liga inglesa, articulou as principais jogadas; e o Ramires cresceu demais, jogando bem avançado pela direita e também sendo crucial na fase decisiva.
O Abramovich também acreditou no espanhol, e muitoo.ooo.ooo,oo
 [Getty Images]


Até o Fernando Torres, que estava numa zica tão monstruosa quanto o valor de sua transferência (dezenas de milhões de euros para dezenas de jogos sem marcar gol), recuperou seus momentos de glória, quando chegou a hora da verdade.

E a verdade tinha nome, adjetivo e complemento: Barcelona, favorito e melhor time do mundo.

Vamos abrir um parêntese para falar sobre favas contadas. Era inegável que dez em cada dez pessoas tinham, no mínimo, a curiosidade de ver o duelo entre Real e Barça na final. A possibilidade de isso acontecer gerou tanta expectativa que o Bayern de Munique, detentor de quatro Champions, foi taxado previamente como zebra frente ao time de Mourinho e Cristiano Ronaldo. Mas dentro de campo, o que se viu foi uma batalha épica de 180 minutos onde tudo poderia acontecer. E aconteceu quase de tudo, inclusive o Real Madrid caindo de joelhos no Santiago Bernabéu, ao perder nos pênaltis a vaga para a final. Sabe aquela história, de que dentro das quatro linhas são 11 conta 11 e blá blá blá? Pois é.
Mas o Barcelona não ia engolir o Chelsea?
 [Getty Images]
A torcida inglesa, que não é das mais contagiantes do mundo, viu que era a hora de dar o seu máximo das arquibancadas. Mas na maior parte do tempo, todas as unhas foram roídas enquanto o Barcelona martelava de todas as formas. As preces foram atendidas: Petr Cech teve mais uma atuação de DVD, e a plástica de suas defesas era ainda mais admirável nos replays em slowmotion.

Messi foi bem marcado, mas como ele ainda sempre consegue aprontar algum tumulto com a bola colada aos pés, Ashley Cole teve de ser providencial em dois lances na pequena área.

Goleirão estava inspirado e com sorte: duas bolas na trave. Teve gol? Teve sim, senhor! Drogba, sempre ele. Mantida a vitória simples, garantida a vitória maiúscula.

No jogo de volta, mais do mesmo, só que com um pouco mais. Mais genialidade dos catalães, mais gols, mais uma expulsão pra coleção do Terry, mais Cech, mais drama... Só que também tinha mais Ramires (golaço por cobertura) e mais bola no travessão (Messi de pênalti).
Cartão vermelho para o John Terry? Ah vá!
 [Getty Images]
O placar de 2x1 já eliminava o Barcelona, que mesmo vencendo perdia no quesito gols fora de casa. Pois então o Camp Nou conheceu o fenômeno cujo poder de destruição fora esquecido com o tempo. El Niño Torres aproveitou-se do desespero do Barça que se lançou todo à frente e, absolutamente sozinho, cortou metade do campo com a bola nos pés. Em seu disparo, o clima de “já ganhou” dos times espanhóis acabava de cair por terra, gradativamente, a cada passo largo do centroavante. No encontro com Valdés, 2 a 2.
Torres fechou o caixão blaugrana no Camp Nou abarrotado.
A zica acabou em boa hora.
 [Getty Images]
Final

Sair da adversidade não estava sendo problema para o Chelsea até ali. Então que tal encarar o Bayern em Munique, após os bávaros terem despachado simplesmente o Real Madrid?


Ambos os times chegaram à final com seríssimos desfalques (Terry, Ramires, Ivanovic, Luiz Gustavo), para descabelar os técnicos durante os dias que precediam a partida. Melhor para Di Matteo, careca por antecipação.

O time do Bayern era muito bom. Em questão de qualidade técnica, talvez só ficasse atrás dos gigantes caídos nas semifinais, e não por muito. Mas na hora do “vamos ver”, Robben ratificou sua fama de amarelão, perdendo gols feitos – um deles de pênalti.
Petr Cech sendo... Petr Cech
[Pfaffenbach-Reuters]
Do lado azul da força, Drogba foi do céu ao inferno em poucos minutos, para ascender novamente e ter seu nome imortalizado entre os maiores. Já explico: o marfinense empatou o jogo de cabeça aos 43 do segundo tempo e cometeu um pênalti em Ribéry no início da prorrogação. Mas como Petr Cech agarrou o penal, coube a Drogba fazer o gol do inédito título europeu do Chelsea no desempate final.
Difícil destacar um só nome desse time.
Ainda mais difícil não lembrar-se de Drogba.
[Wolfgang Rattay-Reuters]
A caminhada até o topo não foi nada fácil, mas o mundo só notou a presença e a força do Chelsea após eles desbancarem o todo-poderoso Barcelona, aceitando que eram inferiores e se dedicarem exclusivamente ao contra-ataque. Então se instaurou de vez a discussão sobre futebol arte versus futebol de resultado.

Nunca é demais jogar bonito, encantar o torcedor com esquemas ultra-ofensivos, tabelas magníficas e toques de efeito. Mas a mesmice não é excitante, e o futebol também precisa de emoção, doação, viradas históricas e (por que não?) de voltar a ser a velha e apaixonante caixinha de surpresas.
Aos 34 anos, o mito foi para a China fazer o seu pé-de-meia
[Agence France Press]
Roman Abramovich, o magnata, já está buscando no mercado as peças de reposição necessárias para manter o time entre os mais competitivos do mundo. Apesar da saída do ídolo Drogba, os brasileiros Oscar e Hulk serão incorporados ao grupo logo após os Jogos Olímpicos. Em dezembro, buscará o título do Mundial de Clubes da FIFA, campeonato onde também estarão também o mexicano Monterrey, o australiano Auckland e o brasileiro Corinthians, campeão da última Libertadores.

Falando em campeão, semana que vem a série continua, falando mais um pouco de quem deu o que falar en el mundo del fútbol.