sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Com ou sem emoção?

A loirinha ali viu o que eu vi. O moleque sem camisa também...
(Foto: umguiabrasileiro.blogspot.com)

Inusitadas, para os torcedores do Fluminense. Óbvias, para todos os anti-corintianos. Imagens como esta da Arena Barueri, que foram características das rodadas finais do último Brasileirão, deram muito o que falar e ainda estão na cabeça de muito torcedor por aí. Comemorar o fato de um rival não ser campeão é a coisa mais natural do mundo. Mas exigir aquela “entregada” ameaçando (e até agredindo) os jogadores do próprio time, simplesmente por agirem como profissionais que são, já é a coisa mais absurda do mundo.
É claro que ninguém tira os méritos do Fluminense Campeão Brasileiro de 2010, mas convenhamos que os rivais da capital ajudaram um pouco para que o Corinthians ficasse chupando o dedo.
O próprio São Paulo também se revoltou em 2009, quando foi a vez do alvinegro dar uma mão ao Fla. O Inter foi outro a ficar na bronca, pois o Grêmio teria entregado também, e por aí vai.
Mas como acabar com isso?
Não, não, não. Sem aquele dilema furado entre mata-mata e pontos corridos. ‘Emocionante’ é a injustiça ao premiar a irregularidade disputando de modo eliminatório o caneco. Já tem a Copa do Brasil para isso. Além do mais, demorou-se muito tempo para adotarem a forma ideal de disputa. Agora só falta a adequação ao calendário europeu, mas a gente ainda chega lá.
O grupo Canetadas Bizarras do Futebol (ou CBF) esteve pensando em levar os clássicos para as últimas rodadas, o que seria apenas dar mais espaço para a polêmica. Oras, não dá para adivinhar quais times brigarão pela taça!

A solução é priorizar todos os campeonatos em disputa, desde o início, para não ter prejuízo depois. E se a Libertadores é mais importante, basta não chorar lá na frente por ter ficado sem nenhum pássaro na mão.
 
A obsessão pela Libertadores pode influenciar nocivamente no restante na temporada
(Foto: IG Esporte)

Galo doido?


O Atlético Mineiro está surpreendendo em suas contratações de fim de ano, e não só na quantidade. Em um curto período de tempo, anunciou a chegada de quase um time completo: Welton Felipe e Pedro Paulo (do Goianiense), Patric (ex-Avaí), Richarlyson (não ia para o Flu?), Toró, Wesley (ex-Prudente, bom jogador), Jobson e o rodadíssimo Magno Alves.
Antes que os atleticanos soltem aquele “agora vai!”, vale lembrar que o elenco que Diego Tardelli rotulou logo após a conquista do estadual como o melhor do país penou para escapar da degola no BR-10. Nem o condenaria pelo excesso de confiança no seu sonho com o bicampeonato, já que o Galo tinha, sim, time para brigar por coisa muito melhor. E numa época em que os jogadores são criticados pelas entrevistas repetidas, sempre é bom ouvir algo que foge à regra. Mas até o Zé da esquina sabe que nome não ganha jogo. Muito menos campeonato.



O atleticano esperava mais do ‘melhor do Brasil’, Tardelli...
(Foto: grupoaudienciadatv.wordpress.com)


sábado, 18 de dezembro de 2010

Quando a zebra vai pro saco

O que será que Samuel Eto’o tinha nessas sacolas?
(Foto: AP Photo/Hussein Malla)

O Mazembe já estava de parabéns por fazer história levando a África a uma decisão de Mundial, mas os italianos já estavam vacinados. Impuseram o ritmo de jogo desde o início, logo abriram dois gols de vantagem e domaram a zebra que havia aprontado demais essa semana.
Internazionale, o melhor time do mundo em 2010. Há quem discorde, pois o Barcelona está voando, mas lembremos que o Barça parou neste mesmo time da Inter na última Champions League.
A disposição tática dos nerazzuri mostrou-se impecável nesses dois jogos. O Julio César foi exigido, quando o Mazembe pressionava no segundo tempo, e deu conta do recado. O Lúcio, um monstro na zaga, para variar. Vai acabar virando apelido. O Tiago Motta, reconhecido por poucos, cobriu os espaços deixados pelo Lúcio naquelas arrancadas estabanadas e segurou a gana dos africanos enquanto eles ainda tinham o que buscar. Javier Zanetti, que já havia feito gol na estréia, mostrou a classe de sempre durante a partida, e teve a honra de levar a taça da Fifa. Stankovic, um baita volante. Samuel Eto’o fez festa na ponta esquerda, fintando e apanhando barbaridade. Guardou o dele, e merecidamente, foi premiado o Bola de Ouro do torneio.

Pelo quarto ano seguido um time europeu fatura o Mundial de Clubes da Fifa
(Foto: AFP Photo/Marwan Naaman)


Para quem dizer que eles tiveram o caminho facilitado, goleando um coreano e um congolês para chegar ao título, foi devido à incompetência do Inter brasileiro no primeiro jogo. Internacional que venceu bem o Seongnam por 4x2 e ficou com o bronze, jogando com o mínimo de dignidade que os torcedores merecem. Ainda na final, o estádio estava pintado de vermelho, e os colorados fizeram mais festa do que os campões. “Inter, Inter!” Os brasileiros é que puxaram o coro.
Só mesmo o futebol explica.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Indecisão + Imprecisão = Ilusão

Ronaldo parece ter puxado uma fila há quase dois anos atrás, vindo jogar no Brasil. Roberto Carlos, Robinho, Fred e Deco são alguns dos exemplos de que o Brasil pode, sim, começar a importar jogadores de renome internacional. (Ainda que alguns estejam em início de fim de carreira). Ações de marketing bem elaboradas, aliadas com a expectativa de títulos importantes por parte da torcida, acabam rendendo um bom dinheiro para os clubes. Mas até onde isso é um risco? Será que é sempre garantido?
Os rumores desse fim de ano estão esquentando. Mas entre o que há de concreto, ainda não se vê nada de surpreendente nas transações internas do mercado brasileiro. Bom, o que está em evidência é o possível retorno de Adriano (já vimos esse filme?) e de Ronaldinho Gaúcho (ainda essa história?). Meu Deus, como a imprensa gosta dessas novelinhas!

O primeiro deve ter aprendido de uma vez por todas após essa ida para a Roma que seu lugar é mesmo no futebol brasileiro. Fazendo o comparativo com suas passagens pela terra da bota - onde conseguiu ganhar por três vezes o prêmio de pior jogador da temporada -, nos últimos anos a melhor fase do Imperador foi no Flamengo campeão de 2009, onde foi artilheiro do time. No São Paulo em 2008 também não deixou a desejar, obtendo boa média de gols. O Corinthians já namora Adriano há semanas, desde aquela deixa do Ronaldo, indicando-o para jogar ao lado dele. Algo me diz que a Roma acaba cedendo. Quem diria que Ronaldo e Roberto Carlos viriam? Adriano não seria surpresa no Parque São Jorge. Aliás, já é aguardado por alguns, apesar do jogo duro dos romanos.
Surpresa seria vê-lo no outro Parque. E das grandes.

Não era bem esse tricampeonato que Adriano gostaria de ganhar
(Foto: IG Esporte)

Já o caso do Gaúcho está ainda longe de ter um final feliz para a diretoria do Palmeiras. Mesmo com seu empresário e irmão Assis dizendo que há toda a possibilidade de Ronaldinho jogar no Brasil, o manda-chuva do Milan (o Galeani, aquele careca sinistrão que você vai cansar de ver a cara se assistir aos jogos do rossonero) disse que gosta muito do seu futebol e que pretende contar com ele até o fim da temporada, na qual o time vai muito bem, e liderando, diga-se de passagem.
Falando em Palmeiras, e falando em alta cúpula, vem acontecendo coisas incompreensíveis nos últimos tempos, para não dizer outra coisa. Com nomes e nomes sendo especulados para chegar, desde quando o Brasileirão ainda rolava solto, fica a dúvida: o clube não está com as contas no vermelho? Como trazer um reforço de peso (sem trocadilho), quanto mais dois?
Até o Alex, que está quietinho fazendo o dele lá na Turquia, já foi dado como certo para 2011 na Academia. Ah, e no São Paulo também, sendo que ele não conversou nem com o próprio time ainda.
No fim das contas, negociações fechando-se ou não, quem lucra de verdade com tudo isso é a imprensa imediatista, que trata rumores como certezas e faz a última especulação virar a "bomba do dia", dando falsas esperanças aos torcedores. Dar a notícia em primeira mão, mesmo que sem fundamento, está sendo prioridade hoje em dia. É aí que a soma de todos os temas abordados acaba apontando a incrível falta de assunto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Desordem natural das coisas

Zebraça africana faz o Inter dançar em Abu Dhabi.
(Foto: Fifa.com)

Nem o gremista mais olho-gordo esperava por esta que foi, pelo menos do século XXI, a maior zebra do futebol mundial. Para quem acha um exagero de minha parte, desafio a citar alguma conquista internacional de clube de futebol africano. Ah, esses dançarinos! Pregaram uma peça no futebol, e queimaram a língua de meio mundo. Mas aí é que está a graça do negócio, diriam alguns...
Para quem viu o jogo, nem vai achar o resultado de 2x0 para o Mazembe tão "escandalosamente surpreendente", como narrou Milton Leite. O Internacional, que dissera estar preparadíssimo para enfrentar o time do Congo, se lançou todo à frente, cansou de perder gols e tomou dois contra-ataques letais. Bem, o segundo gol nem foi lá um contra-ataque: tiro de meta do goleiro esquisitão, ponta-esquerda cortando o Nei e chutando cruzado no Renan, que ainda por cima caiu atrasado. Tentar explicar o inexplicável para a imprensa após o jogo não deve ter sido tão difícil quanto colocar na cabeça que pela primeira vez um time sul-americano não chega a uma decisão de Mundial.
A atitude da torcida colorada foi uma das poucas coisas bonitas de se ver hoje, ao aplaudir a festa que os africanos armaram ainda em campo. Agora aguenta a dancinha. Quem sabe o Celso Roth não tenha os preparado para isso também...

Elas por elas


Sala de troféus do Santos 
(Foto: Site Santos FC - História)

Sinta-se acordando agora com a notícia de que seu time acabou de ganhar um Campeonato Brasileiro. Aliás, não foi só um não. Foram alguns campeonatos. Ótimo, não? O presidente do Santos achou uma maravilha, já o do Bahia aproveitou para zoar o rival, e o do Palmeiras achou melhor esperar uma confirmação, pois ainda não é oficial. Mas o que está havendo mesmo?
A CBF decidiu aceitar o pedido de unificação dos títulos de torneios nacionais antes do início do Brasileirão como temos hoje. Desse modo, Santos, Palmeiras, Cruzeiro, Botafogo, Bahia e Fluminense serão considerados oficialmente os campeões brasileiros entre 1959 e 1970. Resumidamente, o que muda é que o primeiro campeão será o Bahia em vez do Atlético Mineiro, e que os maiores campeões nacionais passam a ser Santos e Palmeiras, com oito conquistas cada.

 Nos anos 60, Pelé ganhou 6 competições nacionais 
(Foto: Termômetro da Bola)


De importante nisso tudo é que, mesmo mudando os campeonatos de nomenclatura – 40 anos depois, só para ressaltar – nas salas de troféus não há nada a acrescentar. As conquistas de craques do passado como Pelé, Ademir da Guia e Tostão não eram menos importantes do que são agora, e cada época teve sua glória particular. Compreende-se a felicidade do torcedor-presidente santista em bater no peito e dizer que é octacampeão, mas os heróis da época já tinham o que comemorar, e nas mesmas proporções do que se faz hoje. Afinal, não é porque deixavam de chamá-lo de Brasileiro que o Robertão* não se fazia grande.


* Roberto Gomes Pedrosa, o popular Robertão, era o nome do torneio disputado entre 67 e 70 que originou o atual Brasileirão.