segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Rivalidade torrencial

Ninguém esperava por essa expulsão injustificável do Alex Silva. Deixou o São Paulo acuado.
(Foto: Agência Estado)

Haja água!

O choque-rei deste último domingo demorou muito para começar por causa da chuva, e pelo jeito, também custará terminar.

Quando você acha que já viu ou ouviu falar de tudo no futebol, eis que surgem torcedores mergulhando em piscinas gigantes nas arquibancadas do Morumbi. O que mais faltaria ontem?

O jogo. E o Palmeiras insistia em não querê-lo, pois tem semana cheia, ao contrário dos mandantes. Mas para o bem de todos, acabaram acatando a decisão do árbitro de aguardar uma hora antes de mandar rolar a bola. A drenagem do gramado do Cícero Pompeu de Toledo foi digna de aplauso.

O Palmeiras tinha mais a bola na frente, mas foi o São Paulo que levou mais perigo no primeiro tempo, em seus velocíssimos contra-ataques. O trio de ataque Lucas-Fernandinho-Dagoberto mais uma vez mostrou que está entrosado e afiado. Fernandinho fez um belo gol chutando cruzado da esquerda, chegando a causar um apagão de 15 minutos no estádio.

Alex Silva surpreendeu a são-paulinos e palmeirenses ao ser expulso de maneira bisonha no início do segundo tempo, fato que mudou o panorama da partida. A partir daí o Palmeiras encurralou o tricolor no seu próprio campo, buscando a todo preço ao menos o empate, mesmo tendo que segurar o ímpeto da molecada do Morumbi nos contra-golpes. Empate que veio com Adriano, causador da expulsão do Pirulito minutos antes. Depois de esbarrar em Rogério Ceni em alguns várias tentativas, Michael Jackson, que havia botado fogo no jogo, chutou rasteiro na costura esquerda do ídolo tricolor para fazer justiça ao placar. Sua dancinha ainda sai meio que discretamente, mas para começo, é melhor assim. Felipão pôde observar bem a melhora do time com a sua entrada, e há grandes chances de Adriano conquistar uma vaga no time titular desta quarta-feira, pela Copa do Brasil.

O jogo que demorou 1h10min para começar, e que foi paralisado por mais 15 minutos, ainda deu pano pra manga depois do apito final. Sabendo das tentativas furadas de Alex Silva de justificar a infantil expulsão, Valdívia foi desnecessário: “O Pirulito tem de calar a boca. Não fala nada em campo, e quando vê um microfone só fala bosta.”

O zagueiro quis dar o troco no Twitter, também de uma forma totalmente errada, para coroar uma exibição a ser esquecida do camisa 3: “Quero ver o Valdívia mandar eu calar a boca aqui, na rua, sem microfone. Só eu e ele. E calo a boca quando ele tiver os títulos que eu tenho (...)”

Mesmo após conselhos de pessoas ligadas ao clube, Alex não retirou os recados de seu perfil. Há muita gente que fomenta esse tipo de polêmica antes ou após um clássico, e argumenta que o futebol precisa fugir da mesmice, que isso faz parte do espetáculo. Provocações e recadinhos desmerecedores podem ser espetáculo até em filmes ou novelinhas mexicanas, mas não num jogo de futebol.

O chileno não tinha nada que apontar o dedo para ninguém neste caso, pois no mesmo jogo correu risco de ser expulso após cabeçada em Miranda. Por outro lado, o respeito entre os profissionais deve vir sempre à frente de um ou outro ego ferido, ainda mais após uma lambança crucial, que tira completamente a razão do zagueiro são-paulino.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

De NBA a Futebol Americano

Morumbi, São Paulo
São Paulo 4x0 Bragantino
Jogadores comemorando a melhor exibição do São Paulo em 2011 até o momento
(Foto: Daniel Marenco / Folhapress)


Primeiramente: que início de ano do Dagoberto! O jogador nunca foi unanimidade dentro do clube, quase saiu do time algumas vezes, já teve seus altos e baixos e agora em 2011 mostra que realmente quer estar nos planos do Carpegiani. Está sendo decisivo em toda partida, seja por meio de assistências ou de gols. Até falta está cobrando.
Sorte do Tricolor, que vai se encorpando cada vez mais, depois da volta da molecada do Sub-20 e da chegada dos reforços.
Justiça seja feita, os 4x0 não se resumem ao camisa 25, já que Fernandinho também estava inspirado. Lucas também deixou sua marca, assim como William José, no seu primeiro toque na bola. Até o Carlinhos resolveu jogar! Já estava mais do que na hora hein, Paraíba...
O pênalti desperdiçado pelo Ceni só foi notícia pela expectativa da chegada do centésimo gol, porque acabou não fazendo nenhuma falta. Tudo bem, o adversário esteve assustado e não teve muita opção, mas o ataque são-paulino deu show nas tabelinhas e jogou fácil. Lembrou NBA, desde aquela ponte aérea do Miranda, abrindo o placar.


Pacaembú, São Paulo
Corinthians 3x1 Santos
Bacana a homenagem ao Ronaldo, mas essa numeração de futebol americano ficou bem estranha
(Foto: Nelson Almeida / UOL Esporte)


Aos poucos o trauma pós-pré-Libertadores vai passando, e o último invicto do Paulistão vence o seu segundo clássico no Pacaembú. Apesar de que não veremos todo dia o Fábio Santos marcar duas vezes em uma partida, o destaque fica para o golaço por cobertura de Liédson fechando o caixão santista. O lateral espera ter garantido de vez a sua titularidade na equipe, pois mostrou que está com moral com o chefe ao converter uma linda cobrança de falta e um penal convincente. Já o "levezinho" deseja manter a boa fase e não deixar a torcida sentir falta do gordito...
O time da baixada poderia até usar o cansaço da viagem de volta da Venezuela como desculpa, mas acontece que já é a segunda partida em que o ataque não funciona. Teve, sim, um senhor gol do Elano, artilheiro do campeonato, mas espera-se mais do pessoal da frente. O Diogo que veio para o Santos parece ser o do Flamengo, por enquanto, e não aquele da Lusa.
Mesmo assim, o Santos não deve ter problemas para se classificar com sobras entre os oito. Eu diria entre os quatro, mas há a tal da prioridade à ‘Libertas’, sabe como é.


Romildão, Mogi Mirim (SP)
Mogi Mirim 0x0 Palmeiras

Num jogo em que a volta de Valdívia gerava um misto de alívio e expectativa por parte dos palmeirenses, o que se escancarou de vez foi a falta de pontaria do ataque. A necessidade de um centro-avante (mas cadê o Miguel?) para o ainda líder do Paulistão é algo de que Felipão já fala abertamente. O Kléber, então, já pediu mais que uma vez. A torcida clama há tempos. A diretoria continua esperando o tempo passar... ‘Que beleeza’, diria Milton Leite.
A próxima semana será de muito trabalho, incluindo uma viagem para o Piauí, além do clima de preparação pré-clássico contra o ascendente São Paulo, no domingo. A galera toda (incluo comissão técnica e diretoria) vai ter que suar muito mais a camisa se quiser aquele algo mais nessa temporada.


Engenhão, Rio de Janeiro
Flamengo 1x1 Botafogo (1x3 pên.)

Com Ronaldinho Gaúcho e Loco Abreu de vitrines, o jogo dessa tarde foi o típico clássico carioca: muitos candidatos a herói de decisão, gols, jogo disputado, botafoguense reclamando do juiz...
Ronaldo anotou o dele - não o Gaúcho, mas o Angelim. Loco Abreu também, levando o jogo para os pênaltis. Ainda assim, o protagonista acabou sendo o melhor que a torcida do Flamengo pudesse escolher: Felipe defendeu duas vezes e levou o mais querido para a final da Taça Guanabara contra o Boavista (isso mesmo!), que evitou um Fla-Flu na decisão deste ano.
 Decisão contra o Botafogo, goleiro pegando dois pênaltis... É inevitável o déjà vu
(Foto: Nelson Almeida / UOL Esporte)



Farião, Divinópolis (MG)
Guarani 2x4 Atlético

O ano de 2011 tem tudo para ser bem melhor do que 2010 para o Galo. Dorival Júnior teve a oportunidade de observar bem o seu elenco durante uma pré-temporada maior do que a de muitos times da Série A. O ‘Magnata’ Magno Alves ainda corre feito menino, e Ricardinho vem correspondendo. Contra o Guarani, ao menos, o 10 marcou duas vezes.
Neto Berola foi o melhor em campo, chamando a atenção não só pela ótima movimentação, mas também por sofrer o pênalti e por marcar o quarto gol encobrindo o goleiro Fred.


Arena do Jacaré, Sete Lagoas (MG)
Cruzeiro 2x0 Ipatinga

Quem acompanha o Campeonato Mineiro, ainda na sua 4ª rodada, também viu o mistão do Cruzeiro vencer sem maiores problemas o Ipatinga, algoz do ano passado, que na edição atual corre sérios riscos de rebaixamento. Thiago Ribeiro e Wallyson marcaram para a Raposa, que continua perseguindo o seu rival pelo topo da tabela.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

'Fenomenalmente', é hora de descansar

 Milhares de mães enlouqueceram ao ver seus filhos querendo aderir à "moda Cascão", em 2002
(Foto: Beagle Club)
 
Praticamente todo terráqueo aprendeu nas duas últimas décadas a lembrar de Ronaldo Nazário como um exemplo de superação. O maior artilheiro de todas as Copas, sendo eleito por três anos o melhor do mundo pela FIFA,  viveu de tudo em sua carreira, desde muitos momentos espetaculares a algumas épocas de verdadeiro inferno astral.

Carismático, polêmico e matador. Na grande área impôs respeito como poucos.

Flamenguista de infância, jogou não muito tempo no Cruzeiro, logo partindo para a Europa. E como brilhou por lá. Mas fato é que o Fenômeno, mesmo adquirindo rapidamente o status de ídolo nacional, ainda sentia falta de uma identidade maior com algum clube brasileiro, aquela paixão inexplicável que todos sentimos pelo nosso time de coração muito mais do que pela Seleção Brasileira.

E então escolheu um clube de massa, mas não o rubro-negro.

Pouca gente ousaria duvidar de um cara como Ronaldo. Mesmo aqueles que cornetavam a sua forma física quando chegou ao Corinthians, tiveram que aplaudi-lo após exibições memoráveis no início de 2009, que renderam dois títulos ao time, e até a cogitação de uma possível volta à Seleção. Mas ficou só na ideia da torcida.

Isso sem falar no salto de crescimento do departamento de marketing corinthiano. Definitivamente, a sua contratação fora um excelente investimento.

Mas aí Ronaldo esbarrou no calcanhar de Aquiles do Corinthians: a Taça Libertadores da América. Duas eliminações, uma justamente contra o Flamengo, e outra antes mesmo da fase de grupos, contra o poderosíssimo Deportes Tolima, contribuíram com a perca da moral com a Fiel. E olha que o cara não tinha pouca, não.

Claro, isso é somado a sequências de lesões e ausências do time, o que foi arranhando aos poucos o carinho que ele conseguiu no Parque São Jorge. Foi considerado pela torcida um dos principais responsáveis pelo fiasco recente, e após mais uma contusão, está prestes a resolver que parar pode ser a melhor opção.

Nesta segunda-feira o mundo voltará seus olhos para a cadeira da Sala de Imprensa do Corinthians, de onde certamente Ronaldo anunciará sua aposentadoria. Lembro-me, em momentos como esse, do fim da carreira de alguns imortais do futebol, e sempre rola aquele papo sobre quem "saiu por cima" ou não. Pelé, por exemplo, pendurou cedo as chuteiras, e no auge da carreira. Raí também foi um bom exemplo de aposentadoria precoce. Já Romário estendeu-se até onde pôde, jogando no sacrifício, e só largou o osso para entrar na política, nas últimas eleições. Mesmo com diferentes despedidas, nenhum dos três deixou uma má impressão no momento do adeus, até pela rica história que construíram dentro das quatro linhas. E Ronaldo também não deixará.

A volta dele para o Brasil foi válida, sim, e muito. É errado condenar o jogador que tem força de vontade e luta contra todos os obstáculos possíveis e impossíveis para continuar sendo feliz e fazendo tanta gente feliz. Afinal, que brasileiro nunca vibrou com algum gol do Ronaldo?

Caras como Ronaldo são exemplos, são unanimidade. São lendas vivas. Não é porque ele tirará o time de campo que o Brasil e o mundo deixarão de tirar o chapéu para ele.

Carimba, Brasil!

Londres que aguarde essa molecada!
(Foto: REUTERS/Mariana Bazo)

O show que Lucas, Neymar e companhia ilimitada deram para cima dos uruguaios foi a confirmação de que temos totais condições de alcançar o feito inédito do ouro olímpico em Londres. A torcida está até ficando mal-acostumada com o espetáculo apresentado durante a competição, o que é fantástico.

A goleada imposta na outra Seleção sul-americana classificada para as Olimpíadas foi o retrato perfeito do trabalho que estes jovens desempenharam no Peru durante as últimas semanas, juntamente com toda a comissão técnica.

Enfim, todos estão de parabéns, e que venha o ouro!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

'Não rirás da desgraça alheia...'

'Pimenta' nos corinthianos não foi refresco...
 (Foto: Carlos Padeiro / UOL)

Mais uma vez o Corinthians tropeçou na sua ânsia de conquistar a América. Diante do antes desconhecido Deportes Tolima, o clube não jogou absolutamente nada no Pacaembú, muito menos na Colômbia, e sequer disputará a fase de grupos.

Obsessão da torcida, crise anunciada, filme repetido. As imagens de vandalismo vistas esta semana infelizmente não representam nenhuma novidade - e o que é pior, eram até esperadas.

No outro Parque, o sinal era verde para o derby do domingo. A liderança estava garantida, graças ao tropeço do Santos, que havia ficado no 1x1 com o Santo André. Tarde de festa para Felipão (homenageado pelo 300º jogo como técnico do Palmeiras) e Maurício Ramos (100ª partida). A torcida não perdeu a chance de tirar aquela casquinha da atual situação do rival, através de um imenso mosaico alviverde com a figura da Taça Libertadores seguida de risadas.

Depois que a bola rolou, a batidíssima frase "clássico é clássico" tornou-se ainda mais atual. O jogo foi mais equilibrado do que o esperado, apesar de Júlio César ter feito uma partida memorável. Se o ataque do Corinthians foi praticamente inexistente durante todo o tempo, o camisa 1 corinthiano deu conta do recado e segurou Kléber, o jogador que mais atormentou a zaga alvinegra. Marcos Assunção também levou perigo várias vezes na bola parada.

A 9 de Ronaldo pesou em Edno, e Jorge Henrique não rendeu como de costume. Coube ao lateral Alessandro marcar o único gol da partida, após uma tabelinha que envolveu Maurício Ramos. A vitória foi mais na base da raça, com sofrimento, com cara de Corinthians. Mas qualquer torcedor a trocaria pela classificação na Libertadores. Paciência.

Assim, Tite ainda respira no cargo, e a crise é amenizada, ao menos por hora.

Júlio César breca a boa fase do Palmeiras em tarde inspirada
(Foto: Tom Dib / Lance!)

O curioso é que não é a primeira vez que o Palmeiras ressuscita o rival em ocasiões parecidas. Geralmente, quando leva algum favoritismo para o clássico, acaba tropeçando. Assim, o alviverde amplia o tabu, perde a sua invencibilidade, mas mantém-se em boa situação no campeonato. Felipão aguarda a volta de alguns contundidos, a estreia de Chico e um ou outro reforço que ainda estaria por vir, para fortalecer seu time.

Time que ainda mostra várias carências, para quem pretende brigar pelo título.