terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Brasil, onde o Eldorado ainda é lenda


Nem precisa ser fanático por esporte. Tenho certeza que você deixa de fazer qualquer coisa e cola na tela da TV torcendo pelo Brasil, no mínimo a cada quatro anos. Tenho certeza de que você sente o maior orgulho e se emociona quando ouve o nosso hino, vendo os guerreiros de verde-amarelo no topo do mundo a comemorar mais uma conquista. Falando em conquista, eu poderia estar me referindo ao futebol mais vitorioso da história das Copas do Mundo, o que me dá mais uma certeza: a cada Olimpíada torna-se mais inexplicável o fato da Seleção Brasileira de futebol masculino nunca ter trazido a medalha dourada para casa.

Ultimamente, tem nos restado torcer pelas meninas, mesmo. Mas é incrível como nem elas...
(Foto: idelberavelar.com)

Vale ressaltar que por muito tempo a FIFA não permitiu que jogadores profissionais disputassem as Olimpíadas, para que a sua Copa do Mundo não tivesse concorrência à altura. Inclusive durante a chamada Era de Ouro do futebol canarinho, entre as décadas de 50 e 70. Devido a isso, a modalidade sempre era das mais imprevisíveis, embora também um dos que menos atraíam o público. Somente a partir dos anos 80 é que começaram a reconsiderar, liberando os que ainda não tivessem jogado uma Copa. Na década seguinte, jogadores até 23 anos passaram a poder disputar os Jogos Olímpicos, e mais recentemente, permitiram o ingresso de três atletas de qualquer idade.
Tivemos grandes gerações olímpicas, é verdade. Em Los Angeles’84, o time de Dunga e Mauro Galvão conseguiu a inédita prata, posição repetida em Seul’88 por vários jogadores que se tornariam tetracampeões do mundo seis anos depois, como Taffarel, Bebeto e Romário. Mas em Atlanta’96, quando o Brasil possuía um verdadeiro dream team (Dida, Roberto Carlos, Ronaldo, Rivaldo e mais uns tantos), conseguimos perder incrivelmente para a Nigéria na morte súbita. Bronze amargo, assim como o de Pequim’08, mesmo com um time não tão badalado. A explicação? Show da Argentina de Agüero, Messi e Riquelme.

E pensar que criticaram o Lula quando ele se rendeu a Lionel Messi. A verdade doeu.
(Foto: chinaview.cn)

Quase três anos depois, a principal atitude tomada pela CBF foi designar uma comissão técnica voltada exclusivamente para as categorias de base, o que só pode ser benéfico. Hoje em dia os jogadores aparecem muito mais cedo para a mídia (e posteriormente, para o mercado europeu). São expostos à pressão da torcida como se tivessem a experiência de jogadores consagrados. Embora vários já passem por isso em seus clubes antes mesmo de chegar à Seleção, todos precisam de preparo diferenciado, tanto da parte física, técnica e, principalmente, psicológica.
Aprender com os erros do passado deve ser uma das coisas a que Ney Franco e os seus comandados devem se apegar caso queiram mudar essa história de jejum olímpico. Em 96, o "clima de já ganhou" antes da competição foi proporcional à incredulidade da torcida após a derrota. Entrar de salto alto é e sempre foi uma fria danada. Na última edição, realizada na China, a imprensa e a torcida apontaram a falta de comprometimento por parte de certos jogadores com a camisa da Seleção como a causa do fiasco, além da forma defensiva de armar a equipe do técnico Dunga. Foi ali que começou todo o atrito entre o chefão e o resto do mundo...
O Pré-Olímpico começa dia 16, no Peru, e estrearemos contra o Paraguai no dia seguinte. Apesar de todas as lentes estarem focadas em Neymar (ainda mais depois do corte de Phillipe Coutinho) o time como um todo pode render mais do que esperamos. E não é torcer demais. Seriedade, um pouco mais de entrega, pés no chão e foco no objetivo. Receita muito óbvia? Não parece tão fácil para nós, os pentacampeões do mundo.

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